quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Relatos do Maquinaria - Faith No More


Quando Mike Patton surgiu no palco, vestindo um berrante terno vermelho ao som da balada “Reunited”, sucesso do grupo Peaches & Herb, o coração roqueiro disparou!

O traje era fino: com exceção do baterista Mike Bordin, todos os músicos usavam ternos sóbrios.

A banda norte-americana não tocava no Brasil desde 95 (eu não fui, estava de recuperação no colégio).

Com os cabelos penteados para trás, no melhor estilo cafajeste, Patton mostrou todo o seu alcance vocal, com direito a agudos, grunhidos, e gritos com o microfone entre os dentes – mas sem deixar de lado o vozeirão de tenor em diversos bons momentos. Sua voz continua um absurdo e os berros, urros e sons esquisitos permanecem como marca registrada. Não dá para saber como é que alguém faz aquelas paradas com a garganta sem perder a voz. Ele mesmo comanda os efeitos do seu microfone. E engana-se quem acha que é para disfarçar falhas vocais. O cara, com 41 anos, está cantando ainda melhor do que nos anos 90.

O sucesso “From out of Nowhere” fez a multidão agitar, mas sem exageros, pois todos não tiravam os olhos do palco enquanto o débil vocalista gritava “Porra, caralhow”. Durante esse clássico, atirou o pedestal do microfone, e acabou acertando a cabeça de um fotógrafo. Reparem a voz desse monstro! Link

O vocalista mostra sua paixão pelo Brasil falando muito bem o português para interagir com o público, mas obviamente está acompanhado só de feras no palco. O tecladista Roddy Bottum estava possuído. Na seqüência, mandaram: “Be Aggressive” e “Caffeine”. Assim que eu peguei uma cerveja, conheci a bela Patricia, garota sorridente e roqueira de cabelos ruivos, que rapidamente apelidei de ferrugem.

Em “Evidences”, dedicaram a música ao Zé do Caixão e foi cantada quase que inteiramente em português, em uma versão cujo refrão transformou-se em "Não sei de nada"!



Ferrugem e eu já estávamos rachando brejas e rindo.

Os hits “Surprise! You´re Dead”, “Last cup of Sorrow” e “Ricochet” fizeram lembrar minhas notas baixas no Mater Dei, as aulas de batera e até os deliciosos bolinhos de chuva da vovó Luzia. A garota com cabelo cor de água de salsicha, ria enquanto eu pensava:
“Vou tentar arrastá-la pro motel. (Eu sei que vc pode estar lendo isso Paty, mas é honesto)”.

Enquanto isso, Mike Patton provocava a audiência o tempo inteiro. Coordenou também o levante de mãozinhas do público, nas partes mais harmônicas do set. Não parava de circular pelo palco, chegando a cair em mais de uma ocasião. Derrubou o microfone várias vezes. Estava chapadasso!
O baterista Mike Bordin que, diga-se de passagem, estava tocando com o titio Ozzy (sim, ele era o baterista do show do Parque Antártica), ria, ria muito com os ataques de insanidade de Patton.

No momento em que “Eazy”, cover do “The Commodores” (liderados pelo rei das músicas de elevador Lionnel Richie) soou nas caixas amplificadas, o coro feminino decretava: “Xoxota também curte rock”.



Ficaram tão loucas que pareciam que tinham visto um pinto de 40 centímetros. Paty me abraça... Pra ser honesto não gostei. Não tenho pinto de 40 centímetros e queria curtir o show!

Tocam “Epic” e “Midlife Crises”( que terminou com uma performance curiosa... Destaque para uma sessão de tossidos com o microfone dentro da boca). Paty nariz de palhaço assume que sua música preferida é “Falling to Pieces”. Pensei no strip...

Na bossa freak “Caralho Voador”, Mike Patton, desceu do palco e passou o microfone para mais de uma dezena de pessoas na platéia repetirem o que ele incansavelmente repetia: Porra, caralhow! Distribuiu socos e empurrões, dando muito trabalho aos seguranças.

Houve até espaço para gozações, algumas bem sacadas, outras nem tanto. Num dado momento, o genial baixista Billy Gould (não tão genial nesse momento) grita: “This one is for Palmeiras” seguido por Patton e seu megafone que louvou o time paulistano com a famosa "Olê Olê Olê Olê" e uma versão bizarra da canção "Carruagens de Fogo".



A paixão do Faith no More pelo Palestra tem uma explicação: a amizade da banda com o ex-baterista do Sepultura, Iggor Cavalera, torcedor do Verdão. Foda-se, ninguém é perfeito.
Paty tétano pega outra cerveja, desviando minha atenção momentaneamente do palco, mas o melhor da noite estava por vir...

“The Gentle Art of Making Enemies”, conhece? Deveria! Um dos maiores hinos do rock de todos os tempos, onde as variações vocais de Patton o colocam em um nível onde apenas Bruce Dickinson, David Coverdale e Wando “o terror das empregadinhas” alcançaram. O link abaixo não é do show. Mas assistam, é uma aula de música!!



Minha preferida.

Um empurrão involuntário, porem forte, na Patrícia despertou o ódio punk rock da gata, que agora estava mais vermelha do que nunca. Praticamente a Hellgirl.
Na seqüência, “King for a Day” , “Ashes to Ashes” e "Just a Man". Reparo que a Paty rednose sumiu...

Saíram do palco... Gritaria... A volta.
Primeiro bis: “Charriots of Fire” , “Stripsearch” e a monstruosa “We Care a Lot”. Conhece? Precisa!


Muito foda, muito foda!)

Saíram do palco... Gritaria. A volta 2.
Nessa hora, os músicos decidiram na hora o que iriam tocar. Quer dizer, estavam de muito bom humor e totalmente felizes.
“This Guy is in Love With You” e a destruidora “Diggin the Grave” – Outro hino do rock mundial.



Em nenhum momento ficou a impressão de que a banda estava fazendo uma cópia malfeita de si mesmo, como acontece com várias bandas que retornam apenas para ganhar uns trocos. É claro que voltaram para levantar uma grana, mas fizeram isso dando sangue em cima do palco e, ainda por cima, sabendo curtir. A vontade que fica, é a de ver os caras internados em um estúdio, lançando um disco de inéditas.

No final, o roadie da banda joga umas palhetas. Os anos de churrascaria e cerveja me fizeram ter certa vantagem sobre os outros fãs que tentaram a sorte e acabei com o premio na mão. Encontro a Paty abraçada com um cara com traços do Jack Sparrow. Nessa hora eu a queria mais do que lasanha! Era tarde. Presenteio-a com a palheta, meu maior presente já estava na memória! Que noite foda... Porra, Caralhow!

texto: Fabão (en-viado especial)

7 comentários:

  1. Num sei se eu rio se eu choro ou se eu fico relembrando do show

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  2. Nossa Fabão!!!

    Reconheço traços de romantismo ou colocaram a droga do amor em uma das suas cervejas???
    Tá muito legal!!

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  3. “O Show deve ter sido showwww de bola... e a comparação a época da escola... foi a melhor!!!!”

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  4. Tenho certeza que a ruiva é nota 8. Conheço bem esse Fabão!
    Wal

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  5. Respondendo os comentários...

    1. Samira. Só quem foi no show sabe como foi animal!! E valew pela força... falo em nome de toda a banda!!

    2. Vê. Como diriam os cafas, o amor é uma palavra com 2 vogais, 2 consoantes e 2 idiotas!!

    3. Lári. Vou postar alguns causos da minha infância perturbada, acompanhe...

    4. Wal. Quem pegou A nota "8" mais classica no carnaval da Bahia e levou pro apê?? pelamordedeus...

    E mais uma vez, brindo ao Faith no More, por um show simplesmente DESTRUIDOR!!

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  6. EM TEMPO: PRETENDO ESCREVER SOBRE O AC*DC...
    PATY, CASO VC VÁ AO SHOW, NADA DE JACK SPARROW! VAI NO FABÃO, PORRA!!!

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  7. EU FUI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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